Depois de uma longa ausência vamos tornar a falar de restaurantes que é sempre um assunto que muito me apraz!
Aproveitando a Lisboa Restaurant Week demos um saltinho ao Spot São Luiz de autoria de Fausto Airoldi. Já tinha tido oportunidade de experimentar as iguarias deste chef nos primórdios do Bica do Sapato (Restaurante) e do Pragma no Casino de Lisboa. E a verdade é que de todas as experiências que tive fiquei sempre com a sensação de que lhe “faltava um bocadinho assim…”.
Ontem optei, como entrada, pela salada de fígados de aves salteados com vinho do Porto, o bacalhau escalfado em azeite com à Brás de espargos verdes como prato principal, e pela mousse de chocolate com espuma de framboesa como sobremesa.
A redução do vinho do Porto na salada de fígados estava bastante aceitável, o 'à Brás' de espargos muito saboroso, embora quase frio o que conseguiu estragar o efeito pretendido. A espuma de framboesa não era uma espuma, mas sim uma outra mousse. Uma espuma pretende ser absolutamente leve e apenas dar o laivo do sabor. O que acabou por ser foi um prato muito funcional em termos estéticos, mas muito pouco equilibrado em termos de peso. No fundo, eram duas mousses encavalitadas.
Para um chef com tanta experiência como este senhor há coisas que já não são admissíveis. Perdoem-me os entendidos, mas eu cá entendi que lhe falta bastante para chegar ao nível de outro chef de quem falarei para a semana e que compõe um menu de degustação absolutamente divinal a low cost se falarmos em cozinha de autor.
Adorei os candeeiros do Spot São Luiz que contêm citações de autores de renome. O serviço deixa um pouco a desejar, mas não me vou alongar acerca deste assunto pois pode ter sido por influência desta semana tão especial. Ainda assim, acredito que se deve manter sempre os pergaminhos da qualidade a todos os níveis, independentemente dos preços praticados numa determinada época.
Localização: Bom Serviço: Razoávelzinho Instalações: Bom Qualidade: Médio Mais Informações:Spot São Luiz
Fomos jantar ao Gemelli na sexta-feira passada. Com reserva, claro! Que de outra forma é quase impossível.
O espaço é muito agradável, minimalista, com bom-gosto e muito bem localizado. A acústica não é das melhores, pois assim que o espaço se enche de gente, o zumbido das conversas dos convivas torna-se um tudo nada desagradável.
Fomos muito bem recebidas pelo chefe de sala que nos indicou a mesa. Logo a seguir fomos brindadas com a presença do chef que muito amavelmente nos apresentou a carta no seu melhor português. Demos uma vista de olhos pelas excelentes escolhas e decidimo-nos por unanimidade imediata e absoluta pelo menu de degustação de cozinha de autor. Já que ali estávamos, achámos que não podíamos perder esta oportunidade.
Sem saber o que iríamos saborear, o chef apenas nos perguntou se havia algum ingrediente que não gostássemos. Lá demos as nossas indicações e seguiu-se então o desfile de sabores.
Começámos por um shot de creme de milho com arroz crocante. Uma delícia! Textura e sabor irrepreensíveis... Seguiu-se uma salada de carnes desfiadas com alfaces e uma redução de cebola roxa, toda salpicada com bagos de romã. Um deleite para os olhos. Quanto ao sabor, um pouco diferente e algo estranho, embora agradável. Passámos a uma fantástica salada de feijão verde com polenta envolta numa emulsão fenomenal, da qual não me importava nada de ter a receita. Seguimos para uns croquetes de trufa negra acompanhados de um tártaro de atum fresco. Confesso que este prato ficou um pouco aquém das minhas expectativas... Preparado o palato para sabores mais fortes, apresentam-nos um fettuccine com sapateira e finalmente leitão desfiado com puré de maçã com o melhor molho que já provei. Feijão preto e vinho tinto. Inesperado. Brilhante. Suave na textura, forte no sabor. Diria mesmo, perfeito. Finalmente a sobremesa. Sopa de chocolate branco com molho de frutos vermelhos perfumado com um licor que desconheço. Creio que um menu destes merecia outras sobremesas. Mas como não sou muito adepta de doces, a coisa passou.
Resta-me acrescentar que o serviço e a simpatia foram irrepreensíveis e que os tempos de espera entre pratos, foram meticulosamente programados. O chef tem ar de bom garfo e é de uma simpatia e humor invulgares neste universo.
Recomendo uma viagem ao imaginário do fenomenal Augusto Gemelli. Embora já tenha andado por outros menus de degustação de alguns chefs famosos, este apenas foi batido pelo brilhante Joachim Koerper do Eleven.
Mas isso fica para outro post!
Localização: Bom Serviço: Muito Bom Instalações: Bom
Qualidade: Excelente Relação Qualidade/Preço: Bom Mais Informações: Gemelli
Em plena Av. Brasil, em frente ao mar, fica uma das mais simpáticas casas de chá do Porto: o Chá das Cinco. Com uma decoração alegre e clássica, é o local mais indicado para comer uns scones num ambiente acolhedor. Para além dos maravilhosos scones, sempre acabados de fazer e acompanhados de magníficos doces e compotas, servem sumos naturais, vários chás, bolos caseiros e outras iguarias. Ideal para quem pretende passar uma tarde calma, seguida de um passeio junto ao mar.
Para quem prefere passear num jardim ou para quem visita o museu de arte contemporânea, pode optar pela casa de chá dos jardins de Serralves. Fica no meio de um dos jardins mais bonitos da cidade, foi recentemente recuperada e tem um ambiente bastante agradável. Uma experiência a não perder.
Na Avenida da Boavista e para quem procura requinte num ambiente verdadeiramente tradicional, existe o "Chá Clube", com propostas de grande qualidade, mas a preços elevados.
Com um ambiente oriental e perto das melhores galerias de arte do Porto, recomendo uma casa de chá mais alternativa, a Rota do Chá, que fica no edifício Artes em Partes, na Rua Miguel Bombarda. Com um jardim muito bem decorado, é o local ideal para passar uma tarde descontraída. A oferta de chás é extensa e de óptima qualidade.
Para finalizar, recomendo uma visita à emblemática Casa de Chá da Boa Nova, que fica num edifício belíssimo (um dos primeiros projectos de Álvaro Siza Vieira), mesmo por cima do mar, em Leça da Palmeira - ou seja, a cerca de 20 minutos do Porto.
A particularidade do Galeto é, seja o que for que nos esteja a apetecer na altura, eles provavelmente têm. Com os seus balcões corridos em forma de U, os empregados servem com destreza e discrição o volumoso número constante de clientes. Mas vamos ao que interessa.
De combinados fabulosos, a tostas incomparáveis, das sopas quentinhas e únicas aos gelados a fazer lembrar centros de mesa, tudo se encontra no Galeto. A variedade é riquíssima e a única dificuldade é a da decisão! Se por um lado, apetece a tosta de tortilha de camarão com maionese, o bife hamburguês com esparregado também não se fica atrás.
Bem sei que a ASAE fechou aquilo durante uns tempos, mas pouco me importou. Continuei a ir lá para me deliciar com a sopa de tomate com ovo e com as brochettes de fígados de aves que caem sempre bem.
É descontraído, encontra-se todo o tipo de gente, é central e fecha às 3h00 da manhã, o que é excelente para aqueles apetites já tardios.
Localização: Muito Bom Serviço: Bom Instalações: Bom
Variedade: Excelente Relação Qualidade/Preço: Muito Bom Mais Informações: Galeto
No centro de Sintra, a uma curta distância dos principais locais de interesse, encontra-se o Hotel Tivoli Palácio de Seteais, um luxuoso palácio do século XVIII, onde tudo é magnífico - o edifício, os jardins, a vista, o pequeno almoço, os passeios pela vila. Sem dúvida, um local com todas as condições necessárias para garantir bons momentos.
Embora seja um local pouco em conta, é possível encontrar promoções muito atractivas, se visitarem frequentemente o site do hotel. Foi precisamente uma dessas promoções que aproveitei, para passar 3 magníficos dias por esta altura, no ano passado.
Especialmente indicado para quem procura um local romântico, requinte e passeios descontraídos. Óptimo para esta altura do ano.
Localização: Excelente Serviço: Muito Bom Instalações: Excelentes Relação Qualidade/Preço: Normal Mais detalhes: Hotéis Tivoli
A Ler Devagar e a Eterno Retorno, duas das mais emblemáticas livrarias da capital, mudaram-se do Bairro Alto para a zona ribeirinha, dividindo agora a Fábrica Braço de Prata, antiga propriedade do exército dedicada à produção de armamento. Mas desengane-se quem pensa que estamos perante uma loja onde se vendem livros. Mantendo o espírito das antigas instalações, alargando-o mesmo, o espaço de 700m2 inaugurado no Verão é um dos mais acolhedores de Lisboa e altamente recomendado para quem não está para grandes confusões e aprecia um programa cultural.
Dividida em doze salas temáticas e três ateliers, que receberam o nome de escritores e filósofos, a Fábrica (como já é conhecida pelos habitués) oferece-nos a oportunidade de vermos exposições diversas, deliciarmo-nos com filmes que não passam todos os dias nas salas de cinema, lermos e adquirirmos livros, assistirmos a debates, conferências e lançamentos ou ainda, de levarmos para casa artigos raros em segunda mão. E claro que a música não foi esquecida, sendo de destacar a realização de concertos (uns gratuitos, outros com bilhetes de preço simbólico) para apreciadores dos mais diversos géneros, num ambiente informal e intimista, bem diferente das grandes salas tradicionais.
Uma visita ao bar/restaurante é indispensável a quem passar pelo espaço de Poço do Bispo. Uma refeição leve, um copo de vinho ou um chá em final de noite são algumas das sugestões. Isto sem esquecer as deliciosas sobremesas, ideais para acompanhar uma boa conversa à média luz. Quem preferir o ar livre, tem ainda uma bela esplanada, onde não falta animação durante os meses mais quentes do ano.
Se ainda acreditam que a cultura é uma coisa enfadonha, está na altura de pensarem duas vezes. Esqueçam a música aos altos berros, os pseudo-VIPs aos encontrões e as horas intermináveis à espera de serem atendidos nos bares da moda.
Dêem um salto à Fábrica e verão que difícil será não ficarem com uma enorme vontade de voltar. Eu cá confesso que não me importava nada de me mudar para lá.
Localização: Boa Serviço: Muito Bom Instalações: Muito Bom Relação Preço/Qualidade: Muito Bom Mais informações em:Fábrica
Em dias de frio, que teimam em não aparecer, nada melhor que lanchar na Confeitaria Nacional, em Lisboa.
Assim que entramos, somos levados para outros mundos onde tudo é bonito, delicioso, afável e familiar. As escadas de madeira conduzem-nos ao salão de chá com as janelas delicadamente salpicadas de floreiras enquanto espreitamos para a Praça da Figueira.
A selecção é variada e os aromas deliciosos. A diversidade de chá chega a ser enervante só pela dificuldade da escolha. Aconselho no entanto, o Winter Tea que nos aquece a alma juntamente com os deliciosos scones acompanhados de compotas e polpas incomparáveis.
Mas para uma experiência singular só o maravilhoso Bolo-Rei. É o melhor Bolo-Rei do mundo e arredores, e faz parte do meu imaginário de infância, quando todos os Natais acedíamos a esta iguaria inigualável. O que é fantástico é que na Confeitaria Nacional, podemos desfrutar deste prazer durante todo o ano e à fatia!
Só para rematar, ao contrário de quase todos os estabelecimentos seculares lisboetas, os empregados são de uma simpatia extrema, ficando nós com a sensação clara, de que gostam mesmo de ali trabalhar e sentem orgulho de pertencer à equipa da melhor e mais tradicional confeitaria da cidade. (Os lisboetas sabem bem do que falo, quando em estabelecimentos de renome, somos atendidos como se nos estivessem a fazer um imenso favor!) Eu fui atendida pelo Sr. Artur e só posso gabar a sua simpatia e dedicação à "causa".
Voltarei em breve porque ainda há muita delícia a saborear e não são todos os dias em que podemos fazer viagens no tempo e revisitar sabores que apenas vivem nas páginas dos livros das avós... Meus amigos: a não perder!
Localização: Boa Serviço: Muito Bom Instalações: Muito Bom Relação Qualidade/Preço: Boa Mais informações:Confeitaria Nacional
Há um restaurante onde gosto muito de ir, quando vou ao Porto: o Casad'oro. Das mesmas proprietárias do Casanostra (restaurante italiano no Bairro Alto) e do Casanova (a pizzeria ao lado do Lux), mas em versão 2 em 1: no andar de baixo, o restaurante italiano, com uma decoração e ambiente mais sofisticados; no primeiro e segundo andar, a pizzeria, mais descontraída. Situa-se por baixo da Ponte da Arrábida, numa casa que se estende por cima do rio, com uma vista linda sobre a cidade do Porto, o rio, a outra margem e os barcos rabelo.
Quanto aos pratos servidos, são genuinamente italianos e de óptima qualidade. O meu preferido é a torta de espinafres e ricota. As pizzas são preparadas em forno de lenha e há sempre uma ou mais sugestões da época bastantes originais. Nos dias de bom tempo, recomendo o último andar, com mesas ao ar livre.
Localização: Excelente Serviço: Bom Instalações: Muito Bom Relação Qualidade/Preço: Médio Mais informações:site oficial
Para não dizerem que aqui neste blog só se fala em comida - embora seja, assumidamente, um dos meus grandes calcanhares de Aquiles - vou espraiar-me por outras paragens e dar um saltinho a Alcochete para umas compras.
O Freeport tem à nossa disposição um sem número de lojas de visita obrigatória. Na maioria dos casos qualidade é boa, as lojas são boas, tem excelentes marcas e fazem-se compras óptimas por verdadeiras bagatelas.
Neste verão que passou, comprei vários biquínis na Calzedónia por €4,90. Como as meninas que nos lêem sabem, a lycra desta loja é francamente boa, e biquínis a este preço é mesmo de aproveitar. Os meninos, embora não saibam destas coisas, podem sempre comprar três ou quatro biquínis para as suas caras-metade. Fazem um brilharete e não gastam tanto dinheiro como isso! Há ainda uma panóplia interessante de roupa interior, de dormir e meias óptimas para ambos os sexos. A visitar, sem dúvida!
Jeans é outro investimento a fazer no Freeport. Na Springfield, para homem, compram-se calças de ganga óptimas e giríssimas por €20. Aliás, roupa para homem é um dos ex-libris deste outlet, parece-me! Da Boss à Carven, passando pela Versace e Cacharel, acho que os meninos ficam muito bem servidos, quando é necessário vestir de modo mais formal. Para os mais informais, Pepe Jeans, Pull & Bear, Lacoste e Quebra-Mar, são as escolhas mais óbvias e consensuais.
Para as meninas, confesso que há três lojas que me conseguem tirar do sério pela sua relação qualidade/preço: Stefanel – onde comprei um casaco de cachemira ¾ por €40 – a Mango – onde se compram infinidades de coisas a preços quase ridículos – e a Max Mara, de qualidade inquestionável e onde se conseguem adquirir peças excelentes a preços muito simpáticos.
Depois há ainda o corredor das coisas para a casa, com autênticas pechinchas nunca vistas. Óptimos para oferecer a amigos de casa nova. Comprei um conjunto fantástico de decanter e dois copos Bohemia para oferecer a um amigo, pela surpreendente quantia de €7,50. Ainda hoje me pergunto se aquilo não estaria mal marcado...
Como vêem é uma óptima sugestão para presentes, principalmente agora, que o Natal se aproxima a passos largos! Dêem um saltinho a Alcochete e vão ver que vale a pena. Quando já estiverem muito cansados de fazer compras – sim, que estas coisas dão cabo de uma pessoa! – podem sempre fazer uma pausa, descansar as pernas e estimular os neurónios, numa das salas de cinema lá do sítio.
Boas compras!
Localização e acessos: Bom Instalações: Bom Diversidade: Muito Bom Relação Qualidade/Preço: Muito Bom Mais Informações:http://www.freeport.pt/
Confesso que me perco por boa comida. Embora não me deslumbre com muita coisa, há pratos que me levam ao céu. E tento aprender a fazê-los para repetir indefinidamente estes prazeres.
Em tempos, e por gostar tanto de comer e de cozinhar, decidi aprofundar as minhas habilidades culinárias e propus-me aprender as técnicas base da cozinha e os seus segredos mais recônditos que não se encontram em livro nenhum.
Frequentei o Curso da Vaqueiro das Técnicas de Cozinha, composto por cinco módulos, cada um versando uma técnica e respectivos truques, receitas e características, tanto dos produtos a confeccionar, como dos próprios procedimentos.
Descobri os guisados e estufados, as cozeduras e os assados, os salteados e uma infinidade de segredos que nos espreitam por detrás de cada cozinha e que só a nós compete desvendar. Devo confessar que fiquei viciada, e a partir daí tenho frequentado inúmeros cursos temáticos. Dos cogumelos aos soufflés, das receitas de Natal às outras para impressionar, por todos este sabores passei e dominei!
O procedimento consiste em observar e atentar às explicações da incansável Minô – coordenadora dos cursos – e do chef Carlos Madeira que gentilmente respondem às questões mais básicas e disparatadas e nos ensinam pacientemente a comprar e a confeccionar melhor e de forma mais saudável, os alimentos. Depois dos apontamentos, dirigimo-nos, em grupos de dois, às ilhas respectivas contendo todos os utensílios necessários à feitura da nossa receita. Passamos a confeccioná-la, sempre sob os olhares atentos dos mestres, que nos corrigem e ajudam quando necessário.
O resultado é um repasto em grupo, provando de todas as receitas confeccionadas, num jantar misto de sabores, novas experiências e conhecimentos e com a satisfação de missão cumprida. Ah! E de barriguinha cheia de iguarias invejáveis.
Vale a pena experimentar! Aconselho vivamente a quem gosta de comer, de descobrir a alquimia da cozinha, de desvendar os segredos que todos escondem e de partilhar uma mesa com gente de interesses comuns. Uma excelente forma de passar um serão!